É precisamente isso, ter Agenda Própria, que se pede a quem quer competir no mercado turístico, especialmente como destino e no meio do rol de destinos que querem exactamente o mesmo: ser visitados e ter turistas.

Ponto de Ordem 1 – Clarifiquemos que o que diferencia o visitante do turista é a pernoita . Ou seja, quem passa a noite em alojamento é turista, quem não o faz é visitante.

Ter Agenda PRÓPRIA significa, antes do mais, criar um conjunto de condições para ter posicionamento. E para se posicionar bem no mercado, o que quer dizer pôr um pé que se note no conjunto da oferta turística disponibilizada ao universo da procura potencial, é indispensável fazer realçar um produto, um destino, por forma  a induzir a percepção de ali haver coisas boas para consumir. Sendo que coisas boas significa coisas com qualidade e sendo a qualidade a satisfação que resulta da relação custo/benefício.

Ponto de Ordem 2 - mesmo que doa a muitos ignorantes que andam por aí armados em que sabem de Turismo quando não são mais que andrajosos exibidores da sua ignorância, e que estão sempre com eloquentes e balofos discursos a reclamar a existência de Turismo de Qualidade, isso,  “Turismo de Qualidade” é coisa que não há, nem se sabe que exista. O que há e se espera que cresça, para bem do sector , é sim “ Qualidade no Turismo” . Ou seja, tanto há qualidade no café da esquina, se houver satisfação do que lá se come  e do quanto se paga, como não há qualidade no hotel de super luxo se  nos derem  um serviço caro de mais para o que nos serviram.

Isto para dizer o quê? Não há problema nenhum, nem nenhuma dificuldade inultrapassável, para um mini-destino colocado no interior, para se afirmar só porque não tem alojamento de 5 estrelas, restaurantes de 4 garfos, discotecas e bares de fama. E não há dificuldade se houver (e há!) gente autêntica, pessoas atenciosas, povo hospitaleiro que gosta de receber e de dar o seu melhor. Que organiza as suas festas de forma verdadeira e com espírito de comunhão e de partilha. Que defende as suas tradições, os seus costumes, os seus artesãos e a sua cultura e que gosta de as compartir com os demais. È isto que muitos turistas de hoje apreciam e desejam. É isto que muitos turistas nacionais e estrangeiros buscam e querem visitar: AUTENTICIDADE

Por isso ser indispensável facilitar aos turistas, de forma planeada, essa informação fundamental, esse conhecimento essencial.

É essa autenticidade que tem que ser o coração de uma mensagem global que deve dar a conhecer quem somos , como vivemos e que valores temos . E que também deve ser a alma da  AGENDA PROPRIA que nos ajudará a dar a conhecer o nosso destino . E a fazê-lo grande … à nossa dimensão!!

A forma como as novas tecnologias vêm invadindo as nossa vidas e fustigando algumas boas maneiras  e  algumas boas regras, tal como têm prejudicado pessoas e sectores, devia- nos fazer pensar .

Pense-se no Facebook e nas invasão danosa da privacidade com difusão de fotos e mentiras; pense-se nos Uber e a consequente destruição do normativo dos transportes públicos por táxis a despeito da oferta de melhor qualidade e comodidade que a Uber trouxe (  esperemos que os taxistas aprendam…) ; pense-se no Airbnb e na maneira como atingem o mercado habitacional e concorrem deslealmente com investimento normalizado e fortemente gerador de mão-de-obra como é a hotelaria ; pense-se nas “fake news” e veja-se como podem, pelo engano, suscitar controvérsia e condicionar as escolhas eleitorais em democracia; pense-se, enfim, nos mais avançados processos que irão gerar destruição de postos de trabalho correndo-se o risco de  , a tempo, não se fazer uma forte aposta na formação contínua que atenue e prepare os activos para a mudança que aí vem. Pense-se, enfim, na fortíssima desumanização que vem ocorrendo e que tende a agravar-se no futuro ( cada vez há mais comunicação disponível e cada vez há mais solidão…) e façam-se escolhas centradas nas Pessoas. Antes que seja tarde …e tarde é não começar a fazer as coisas agora!

A incomodidade já chegou ao Verão turístico algarvio com a diminuição de reservas antecipadas associada à menor procura de estrangeiros e a dúvida de se a procura nacional chega para cobrir o espaço disponível na oferta de hotelaria.

E como um problema raramente vem só, o esmagamento do preço das férias por parte da forte concorrência internacional  “ sol e praia” só complica a situação.

Claro que o Algarve tem estado mal habituado. Tem sido, nos últimos anos , sempre possível melhorar a percentagem de ocupação e aumentar a tarifa diária essencialmente à custa dos problemas e das dificuldades por que passaram esses  destinos concorrentes   , como o Egipto, a Turquia e a Tunísia. Mas agora a segurança regressou e a desvalorização da lira turca (65%) fez da Turquia o destino o mais competitivo do Mediterrâneo Oriental. E alia o preço a uma qualidade de infra-estruturas muito agradável. E o preço e o tipo de produto atrai de novo uma percentagem significativa de famílias e “reconquista” assim uma clientela que tinha optado deixar a região por causa da instabilidade e decidido rumar especialmente à Península Ibérica.

O comportamento geral da procura tão-pouco ajuda muito. Cada vez mais turistas viajam com mais frequência, com estadias menores em cada destino, exigem produtos mais ricos (cultura, gastronomia, natureza, etc.) que somente o produto “sol e praia”, usam cada vez menos os tour-operadores tradicionais e os seus pacotes turísticos, e reservam de forma independente cada vez mais tarde, cada vez mais voos “low cost” e cada vez mais pela internet.

As alterações climáticas e a consequente mudança das temperaturas agravam o panorama geral e  até convidam a passar férias no Norte da Europa … porque há muitos mais dias de sol e calor!!!

Tudo a aconselhar repensar a reconfiguração e requalificação do nosso produto e o enriquecimento da nossa oferta para que, ao menos,  não vejamos reduzido apenas ao preço o nosso argumento  competitivo.