Nota prévia:
(Carlos, el almuerzo que te he servido lo acompañé com arepitas e terminé com dulce de leche y arequipe.Y me fuy a hechar una siestita...incluyendo imagenes y sonidos... )
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Aí estava a Cordilheira Andina com tantas surpresas lindas, tantos lagos de sonho, tão belas paisagens, tantos sons e tanta quietude.
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E o pôr do sol de Cartagena de las Índias? E as majestosamente ruidosas trovoadas sobre Bogotá? E o aroma único do “tinto” colombiano? E a paixão do tango e do bandoleón? E os bifes mais tenros do mundo de Montevideo? E o cheiro achocolatado de Bariloche? E as cumbias, sim, as cumbias? E a nobreza crioula da Plaza Mayor de Lima? E o cocido llanero? E a ruralidade urbana de Quito ?
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E a belíssima Potra Zaina de Maria Teresa Chacín? E as praias quietas de Santa Marta? E o arequipe ( miam, miam)? E os manglares frondosos de Chichirivichi? E as arepitas com queso? E o Tocornal , o Casillero del Diablo ou o Concha y Toro de “bouquets” tão finos como desconhecidos que a Enoteca de Santiago oferece? E o “ maiz cocido” ou o “provolone en la grilla”?
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Fiz essa viagem toda ao passo tranquilo andino que é o que sabe que o minuto vivido não volta. Por isso há que disfrutá-lo! Sempre sentindo aquela paixão profunda por tudo. Sempre com alguma distância e reserva , quanto baste , da modernidade que garante os traços permanentes dos costumes e tradições. E como isso dá tanto prazer a quem vive naquelas terras.
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Não sei se a permanência destas ligações são amarras que ataviam o desenvolvimento e perpetuam os atrasos, mas lá que é bom e é carinhoso viver rodeado de tradições autênticas é. Dá outra dimensão e humanidade a quem vive vizinho delas!
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Na desordem de lembranças da “sesta” recordo-me de também ter feito aventura de colonizador. Um dia, com um Amigo, patrocinámos a aventura, o sonho, de um Homem, já então com mais de 70 anos, mas inteiro, que sabia de um sitio que tinha a certeza que havia ouro. Feito co-dono de uma mina de ouro ,a existir um dia, fui vê-la.
Madrugada de avião, principio da tarde de táxi e resto do dia caminhando mais de 2 horas em trilho de selva até chegar a um “S” de um rio onde estava montada a operação, incluindo uma casota de madeira para comer e dormir. Todo o tempo dois homens “garimpavam” com ouro nos olhos.
Vi o que tinha a ver --- só sonhos, claro!---, tomei banho de rio e regressei no dia seguinte, encantado com a natureza envolvente, impressionado por aqueles seres humanos e dorido pela ferida que a exploração fazia naquela curva do rio.
Recebi a noticia do Homem ter morrido descansadamente na “mina” sem que eu tivesse jamais visto “pepita” de ouro.
Com ele morreu tudo, claro , incluindo a esperança de melhor vida do seu companheiro. Mas tudo está na minha memória... E fiquei com a certeza que os andinos lutam e vivem porque transportam um sonho. É a forma de lutarem contra a míngua !
E doutras coisas com mais sucesso já não me recordo.
...(Carlos, quando me falas que o Condor passa e tens nostalgia, cuida do efeito que produzes nos teus Amigos, irmão.Porque eles também sofrem da distância às pessoas e coisas boas e lindas.)
P.S.1
Maria Cabral --Francisco, o que são os 'Sofrimentos Andinos' um livro?
Eu -- não Maria, são diatribes ou lucubrações minhas despertadas pela nostalgia do meu AMIGO Carlos Vieira ,teu colega na vetusta UAlg... de quem aliás te falei no almoço que tivemos com o JG...(…) beijinhos
P.S. 2
Isto são pedaços da memória que o Carlos me deixou