A GESTÃO DA PERIGOSA FALTA DE ÁGUA
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O problema da falta de água no Algarve tem-se agravado cada ano que passa. Independentemente das gravosas condições climáticas que têm originado anos com menor pluviosidade e aumento gritante da temperatura média, também é verdade que não temos sabido, por um lado, gerir os recursos hídricos existentes e, por outro lado, desenvolver fontes alternativas de fornecimento. Países com quadros muito mais gravosos têm encontrado respostas para este problema e nós não temos sabido adaptar e aplicar essas respostas.
A actividade económica dominante no Algarve é sempre responsabilizada pelo uso abusivo de água. O estado de degradação da rede de abastecimento público tem outra importante quota de responsabilidade. De facto, as perdas da rede de distribuição da água para consumo da população atingem valores ofensivos, fruto de uma manutenção deficientíssima; e os campos de golfe e o limitado uso de águas residuais para rega, a par da agricultura da moda, com realce para as plantações de abacates, são também responsáveis por um consumo desmesurado da água existente.
E o crescimento exponencial de plantações de abacate, do barlavento ao sotavento algarvio não auguram nada de bom, especialmente porque esta planta tropical não mediterrânica exige muita água. E essa necessidade leva ao crescimento da exploração irregular dos lençóis de água agravando-se ainda mais a situação quando surgem períodos alargados de seca .
Claro que a produção de abacates é vantajosa para os agricultores, não só pela elevada procura do fruto, mas também pelo preço que atinge no mercado. E como a agricultura necessita e se sente atraída por uma boa remuneração do seu trabalho! Mas o uso elevadíssimo da água e o abuso da exploração regular e irregular dos recursos hídricos leva ao seu esgotamento, com inaceitáveis e nefastas consequências para a população, que tenderá a ver o abastecimento público comprometido.
Encontrar soluções que respondam às exigências da população residente, da agricultura e do turismo é URGENTE.